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Publicado em 30/07/2020
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Artigo: A reforma tributária e o enigma da Caverna do Dragão

Por Pedro de Sá*
Publicado originalmente em A Gazeta em 30 de julho de 2020

Ao se falar em reforma tributária, lembro-me de um antigo desenho animado: “A Caverna do Dragão”. Na história, alguns jovens foram transportados para uma espécie de mundo paralelo, lançados à convivência com estranhas criaturas de um lugar sombrio.

O objetivo era escapar dali e, nessa jornada, recebiam conselhos de um ser pitoresco: o Mestre dos Magos – que, ao invés de ajudá-los, os colocava em mais enrascadas. E, embora chegassem perto, eles nunca conseguiram sair dali.

Da saga, estabelecemos uma analogia ao nosso caótico mundo tributário. A diferença é que a nossa caverna não é ficção, é realidade; Ao longo dos anos, surgiram monstrengos, tais como: complexidade, guerra fiscal, sonegação e regressividade.

O Banco Mundial mostra que o Brasil consome cerca de 1.501 horas/ano das empresas na burocracia do pagamento de tributos. Argentina: 312 horas; Chile: 296. Estamos na 184º posição de 190 países. Isso afeta o crescimento econômico. Somos o líder absoluto em contencioso tributário. Em 2018, o montante chegou a R$ 5 trilhões (73% do PIB). Regressividade, outro obstáculo. No sistema regressivo, “quem tem menos paga mais”. É assim no Brasil, onde o maior peso da arrecadação recai sobre os mais pobres.

Nossos monstrengos afligem todos os agentes: contribuinte, sociedade e o próprio Fisco – que possui um papel fundamental no fortalecimento de políticas públicas. São problemas conhecidos e há consenso sobre a necessidade de uma reforma. O que persiste, todavia, é o imbróglio sobre qual é a melhor proposta.

Às vezes, surgem alguns gurus – como o Mestre dos Magos – que, mesmo bem-intencionados, propõem sugestões equivocadas. Porém é necessário avançar. Afinal, o tema já é discutido há mais de 30 anos.

No início deste ano, havia a percepção inédita de que teríamos algo factível. Porém, a Covid-19 trouxe novas incertezas e, ao mesmo tempo, ampliou o eixo das discussões – antes focadas apenas na simplificação. A União, finalmente, apresentou sua proposta inicial, que integra PIS/COFINS numa contribuição única. Embora tímida e longe da ideal, tal iniciativa deve ser vista com otimismo, pois representa a retomada dos debates.

Que, desta vez, consigamos sair da nossa caverna

(*) Pedro de Sá é Auditor Fiscal da Receita EstadualArtigo: A reforma tributária e o enigma da Caverna do Dragão

 

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